sábado, 11 de maio de 2013


O maior coqueiral do mundo

Na Floresta Amazônica, a Sococo tem 1 milhão de pés plantados – que devem render neste ano mais de 120 milhões de frutos

por Luciana Franco | Fotos João Ramid*, de Moju (PA)
Editora Globo
Alguns mitos da coqueicultura brasileira caíram por terra nos últimos 30 anos. O primeiro a ser abatido foi o de que coqueirais a perder de vista só se encontram no Nordeste, de preferência à beira-mar. Hoje, a maior área contínua de cultivo do mundo se encontra no meio da Floresta Amazônica, no Pará. Outro mito, disseminado pelo baião que diz “Oi, trepa no coqueiro, tira coco...”, também não resiste à realidade: agora, nos plantios comerciais, os cocos são apanhados com varas metálicas muito compridas, manejadas por trabalhadores com os pés firmes no chão. 
Editora Globo
Essas e outras mudanças aconteceram depois que o empresário Emerson Tenório, decidido a ampliar a produção de cocos que mantinha em Alagoas, procurou o Institut de Recherches pour les Huiles et Oléagineux (IRHO), da França, especialista em palmáceas, para estudar qual região no território nacional era a mais adequada para receber novos plantios. Como resultado da pesquisa, em 1979 foi instalada, no município de Moju, a 110 quilômetros de Belém, a primeira fazenda da Sococo no Pará, na área apontada como a mais apropriada para a cultura por suas condições edafoclimáticas. “Criamos uma nova opção de coqueicultura, planejada e sustentável, no norte do Brasil”, diz Tenório, presidente da Sococo, empresa que lidera o mercado de derivados de coco no país.

O plantio no Pará foi iniciado em 1981 em cerca de 800 hectares, destinados inicialmente à produção de coco seco. A iniciativa se mostrou acertada: hoje, 34 anos depois de implantar o cultivo em Moju, a empresa tem 1 milhão de pés, distribuídos por 6.000 dos 20.000 hectares da fazenda; os outros 14.000 hectares são de reserva ambiental. Em 2012, foram colhidos na fazenda paraense 110 milhões de frutos, volume que deve alcançar entre 120 milhões e 150 milhões em 2013. “Tivemos seca no ano passado, o que não deve acontecer novamente este ano”, diz Lins. “Um coqueiro precisa de pelo menos 250 litros de água por dia para se desenvolver adequadamente, e o índice pluviométrico de Moju, em geral, atende às necessidades da planta.”

Na fazenda são cultivadas variedades híbridas (obtidas do cruzamento entre as variedades gigante e anão). A opção pelos híbridos se deu em função das vantagens dessa espécie em alcançar maior rendimento por hectare. “Enquanto a média nacional de produtividade do coqueiro-gigante oscila entre 40 e 120 cocos por pé ao ano, aqui na fazenda conseguimos chegar até 220”, explica Lins. Além disso, os coqueiros híbridos possuem dupla aptidão: produzem tanto a água como o coco seco e são mais precoces. Por esse motivo tem sido a variedade mais plantada no Brasil e já responde por 70% da área de cultivo do país.

META AMBICIOSA
Com o êxito da produção da fazenda de Moju, e após investimento na construção de uma unidade industrial em Ananindeua, também no Pará, para onde seguem 400 mil cocos por dia – dos quais se extraem água, coco seco, fibra e óleo –, em 2007 a empresa implantou um novo coqueiral no Estado, desta vez no município de Santa Isabel, com 2.000 hectares de coco-anão para produção de água. Também foram construídas duas novas unidades industriais em Ananindeua para envase de água. Neste ano, a empresa investirá ainda R$ 120 milhões para duplicar a produção de água de coco e ampliar sua participação no segmento, que atualmente é de 53% do mercado. “Queremos aumentar a produção de água de 37 milhões de litros, em 2012, para mais de 70 milhões de litros, em 2016”, estima Paulo Roberto Maya Gomes, diretor comercial do grupo.

Os investimentos na produção de água refletem o bom desempenho das vendas desse segmento dentro e fora do Brasil. “O potencial desse mercado é extraordinário, por ser um produto natural, cujas vendas crescem mais que as de refrigerantes e de energéticos”, avalia Francisco Porto, presidente do Sindicato Nacional dos Produtores de Coco do Brasil (Sindcoco). O país consumiu em 2010 aproximadamente 60 milhões de litros de água de coco, o que colocou o consumo per capita no país em 0,32 litro por pessoa ao ano (para efeitos de comparação, o de refrigerante se situa em 2,79 litros por pessoa anuais). Em 2012, a estimativa do Sindcoco é que o mercado interno tenha consumido 90 milhões de litros de água de coco, elevando o consumo per capita para 0,47 litro.

A Sococo tem como desafio ampliar sua presença internacional sem desabastecer as gôndolas brasileiras. “Investimos na expansão da área de cultivo com a finalidade de crescer lá fora. Nossa meta é produzir, em 2015/2016, cerca de 72 milhões de litros de água de coco envasada, o que nos dará amplas condições de participar dos dois mercados”, diz Tenório. As vendas externas são, em sua maioria, para o mercado americano, que já compra 50 milhões de litros da bebida por ano.

Com faturamento superior a R$ 600 milhões em 2012, a Sococo mantém 4 mil funcionários nas fazendas e fábricas do Pará e na sede em Maceió. “Queremos partir para o mercado externo mantendo a liderança interna ”, diz Tenório. Em relação ao Brasil, o que não falta é otimismo. “Acreditamos que existe potencial de crescimento para qualquer produto alimentício no país, pois estamos vivendo um período de grandes oportunidades para o aumento do consumo em todas as faixas sociais”, acrescenta. Ele acredita que a migração de pessoas das classes D e E para a classe C – reforçada nos últimos anos – contribuiu para ampliar o consumo de água de coco.

“Acreditamos que o potencial de crescimento desse segmento seja de 12% ao ano nos próximos anos”, completa Lins. A Sococo é atualmente a maior envasadora de água de coco do Brasil. Dentre as principais estratégias adotadas pela empresa destacam-se a verticalização das fazendas e o cuidado do plantio ao envase, ações consideradas por Tenório como primordiais para a valorização do setor e o reforço no posicionamento das marcas, em especial a água.

A produção de água, por sinal, tem incentivado novos plantios em todo o país, o que ajudou o Brasil a subir no ranking geral dos maiores produtores de coco do mundo. Saiu da décima posição, que ocupava em 1990, para o quarto lugar, em 2011, com uma safra estimada em 2,8 milhões de toneladas de coco, atrás apenas da Indonésia (que produz 19,5 milhões de toneladas), das Filipinas (que tem safra anual de 15,3 milhões) e da Índia (que colhe 10,8 milhões de toneladas de coco ao ano). Considerada apenas a produção de água de coco, o Brasil é líder mundial e movimenta R$ 450 milhões com esse negócio. 
Editora Globo
Tenório visita a fazenda no interior do Pará uma vez por semana
INGREDIENTE NOBRE A Sococo tem investido fortemente em marketing para chamar a atenção sobre os outros derivados do coco (um coco seco rende 125 gramas de coco ralado integral, por sua vez utilizado na produção de coco ralado – adoçado ou não –, leite de coco e óleo de coco). Faz isso com campanhas de valorização do coco como ingrediente nobre da culinária brasileira e internacional. “Essa é uma percepção que vem sendo reforçada pela própria gastronomia, que coloca os pratos com coco em destaque nos melhores cardápios”, avalia Tenório.

No caso do segmento de coco ralado, a Sococo respondeu por 52% das vendas nacionais, de 35.000 toneladas, em 2012. “É um setor que cresce a taxas de 5% ao ano, mas que ainda sofre com a entrada de produto de baixa qualidade no Brasil”, diz o empresário. A entrada de coco seco oriundo dos países asiáticos é vista com preocupação pelos agentes da cadeia brasileira da coqueicultura. “O mundo inteiro é muito zeloso em relação à importação de alimentos, faz exigências, mas o Brasil parece ter pouca atenção ao que compra do resto do mundo”, comenta Tenório. 
Editora Globo
Com produção e consumo estimados em 35.000 toneladas no mercado interno, o Brasil importou no ano passado 10.000 toneladas de coco seco, principalmente da Indonésia e do Vietnã, que respondem por 50% das vendas para o país. “As importações são desnecessárias e prejudiciais à indústria nacional, que atende às exigências da Anvisa, enquanto as importações são feitas sem fiscalização sanitária. Estamos há anos lutando contra as compras fora do país”, afirma Francisco Porto, do Sindcoco. 
Editora Globo


JEGUE TEM ATÉ FÉRIAS 

Editora Globo
Se em muitas regiões do país os jegues perderam sua função na agricultura, na Sococo eles continuam valorizados. “Na época das chuvas, que vai de janeiro a maio, eles fazem o trabalho bem melhor que qualquer trator”, diz Jurandir Rabelo de Araújo, veterinário que cuida dos 300 animais que auxiliam os funcionários nos trabalhos de campo. “Todos são treinados individualmente para a atividade que vão exercer“, diz Araújo. E, como a colheita é feita em dupla – um funcionário e um animal –, é o próprio trabalhador que dá o nome e treina seu animal. “Quando o funcionário sai de férias, o jegue fica também 30 dias descansando”, conta o veterinário.

Na colheita, o jegue aguarda que os cestos que carrega sejam preenchidos. Depois, vai até um trator na beira da estrada, onde o trabalhador descarrega os cocos. Antes de descansarem, recebem uma ducha e a refeição noturna. Também têm plano de carreira: os mais velhos saem da colheita e passam a realizar tarefas mais leves.
Fonte: Revista Globo Rural


The world's largest coconut

In the Amazon Rainforest, Sococo has 1 million feet planted - that should yield this year more than 120 million fruit
by Luciana Franco | John Ramid * Photos of Moju (PA)
Some myths coqueicultura Brazilian fell to the ground in the last 30 years. The first to be killed was that to lose sight of coconut trees are found only in the Northeast, preferably at sea. Today, the largest continuous area of ​​cultivation in the world is in the middle of the Amazon rainforest in Para Another myth spread by balloon that says "Hi, climb the coconut tree, coconut strip ..." also does not stand up to reality: now in commercial plantations, coconuts are picked up with metal rods too long and managed by workers with their feet firmly on the ground.
These and other changes happened after the businessman Emerson Tenorio, decided to expand the production of coconuts kept in Alagoas, sought the Institut de Recherches pour les Huiles et oléagineux (IRHO), of France, a specialist in palm trees, to study the region in which territory was the most appropriate to receive new plantings. As a result of the research, was installed in 1979 in the municipality of Moju, 110 kilometers from Bethlehem, the first farm Sococo of Pará, in the area identified as the most suitable for the cultivation of their soil and climatic conditions. "We created a new option coqueicultura, planned and sustainable, in northern Brazil," says Tenorio, President of Sococo, the company that leads the market derived from coconut in the country.
The plantation in Pará was started in 1981 at about 800 acres, originally intended for the production of dried coconut. The initiative proved to be correct: today, 34 years after implant cultivation Moju, the company has 1 million feet, spread over 6,000 of the 20,000 acres of the farm, the others are 14,000 acres of environmental reserve. In 2012, samples were collected at the farm Para 110 million fruit volume should reach between 120 million and 150 million in 2013. "We had a drought last year, which should not happen again this year," says Lins. "A coconut tree needs at least 250 liters of water per day to develop properly, and rainfall of Moju generally meets the needs of the plant."
On the farm are cultivated hybrid varieties (obtained from a cross between the giant and dwarf varieties). The option for the hybrids was due to the advantages of this kind at achieving higher yield per hectare. "While the national average productivity of the giant coconut palm is between 40 and 120 coconuts per foot per year, here on the farm could get to 220," said Lins. In addition, coconut hybrids have dual purpose: they produce as much water and is dried coconut earlier. For this reason has been most cultivated in Brazil and now accounts for 70% of the cultivated area of ​​the country.
AMBITIOUS GOAL
With the successful production of farm Moju and after investing in the construction of an industrial plant in Anantapur, also in Pará, where follow 400 000 coconuts per day - of which extract water, dry coconut, fiber and oil - in 2007, the company implemented a new coconut trees in the state, this time in the municipality of Santa Isabel, with 2,000 acres of dwarf coconut for water production. Were also built two new plants in Anantapur for bottling water. This year, the company will invest U.S. $ 120 million to double the production of coconut water and increase its share in the segment, which is currently 53% of the market. "We want to increase the water production of 37 million liters in 2012 to more than 70 million liters in 2016," estimates Maya Paulo Roberto Gomes, commercial director of the group.
Investments in water production reflect the good sales performance of this segment within and outside Brazil. "The potential of this market is extraordinary, being a natural product, whose sales grow more than the soft drinks and energy," says Francisco Harbour, president of the National Farmers Union of Coco Brazil (Sindcoco). The country consumed in 2010 approximately 60 million liters of coconut water, which put the per capita consumption in the country at 0.32 liters per person per year (for comparison, the refrigerant is situated on 2.79 liters per person per year). In 2012, the estimated Sindcoco is that the market has consumed 90 million liters of coconut water, increasing per capita consumption to 0.47 liters.
The Sococo is challenged to expand its international presence without the gondolas desabastecer Brazilian. "We invested in expanding the area under cultivation in order to grow abroad. Our goal is to produce, in 2015/2016, about 72 million liters of bottled coconut water, which will give us ample conditions to participate in both markets, "said Tenorio. Foreign sales are mostly for the American market, which already buys 50 million liters of the drink per year.
With revenues exceeding U.S. $ 600 million in 2012, Sococo has 4000 employees on farms and factories of Pará and headquarters in Maceió. "We want to go to foreign markets keeping the internal leadership," said Tenorio. Regarding Brazil, which is not lack optimism. "We believe there is growth potential for any food product in the country, because we are living in a period of great opportunities for the increased consumption on all tracks social," he adds. He believes that the migration of people from classes D and E to class C - reinforced in recent years - has contributed to increase the consumption of coconut water.
"We believe that the growth potential of this segment is 12% per annum in the coming years," added Lins. The Sococo is currently the largest filler of coconut water from Brazil. Among the key strategies adopted by the company stand out from the vertical farms and care from planting to bottling actions considered by Tenorio as fundamental to enhancing the sector and strengthening the brand positioning, especially water.
The production of water, by the way, has encouraged new plantings around the country, which helped Brazil to rise in the overall ranking of the largest producers of coconut in the world. He left the tenth position, it held in 1990 to fourth in 2011, with a yield estimated at 2.8 million tons of coconut, behind Indonesia (producing 19.5 million tonnes), the Philippines ( which has annual harvest of 15.3 million) and India (which harvests 10.8 million tonnes per year of coconut). Considered only the production of coconut water, Brazil is a world leader and moves R $ 450 million from this business.
Tenorio visits the farm in Pará once a week
INGREDIENT NOBLE
The Sococo has invested heavily in marketing to draw attention to the other derivatives of coconut (one dry coconut yields 125 grams of grated coconut integral in turn used in the production of coconut - sweetened or not - coconut milk and oil coconut). Does this with campaigns appreciation of coconut as an ingredient noble Brazilian and international cuisine. "This is a perception that has been reinforced by the very food that puts the dishes with coconut highlighted the best menus," says Tenorio.
In the case of segment grated coconut, Sococo accounted for 52% of domestic sales of 35,000 tons in 2012. "It is a sector that is growing at a rate of 5% per year, but it still suffers from the entry of low-quality product in Brazil," says the entrepreneur. The entry of dry coconut coming from the Asian countries is viewed with concern by the agents of the Brazilian chain coqueicultura. "The world is very zealous for the importation of food, makes demands, but Brazil seems to have little attention to buying the rest of the world," said Tenorio.
With production and consumption estimated at 35,000 tons in the domestic market, Brazil imported last year 10,000 tons of dry coconut, mainly from Indonesia and Vietnam, which account for 50% of sales to the country. "Imports are unnecessary and harmful to the domestic industry, which meets the requirements of ANVISA, while imports are made without sanitary inspection. We're fighting for years against purchases outside the country, "said Francisco Port of Sindcoco.
 Jegue HAVE TO VACATION
 In many regions of the country the donkeys lost their function in agriculture, they continue Sococo valued. "During the rainy season, which runs from January to May, they do the job better than any tractor," says Jurandir Rabelo de Araújo, veterinarian who takes care of 300 animals that assist employees in the work field. "All are individually trained for the activity that will engage," said Araujo. And, as the harvesting is done in pairs - an employee and an animal - it is the worker who gives his name and train your pet. "When the employee goes on vacation, the donkey is also 30 days resting," says the vet.
At harvest, the donkey waits for carrying baskets are filled. Then go to a tractor on the roadside, where the worker unloads the coconuts. Prior to rest, get a shower and evening meal. Also have a career plan: the older leaves of the crop and start to perform lighter tasks.
Source: Globo Rural magazine

Nenhum comentário:

Postar um comentário