Ex-chefe-geral da Embrapa, Evaristo Miranda, diz que a agricultura já cedeu 45 milhões de hectares para outras áreas
por Viviane Taguchi, de São Paulo (SP)
(Evaristo Miranda, durante apresentação no 12° Congresso Brasileiro do Agronegócio - Foto: Marcelo Min/Ed. Globo)
Uma das maiores discussões do agronegócio mundial, a oferta de terras disponíveis para aumentar a produção de alimentos e suprir a demanda mundial, foi um dos destaques do 12º Congresso Nacional da Abag, que acontece nesta segunda-feira (5/08), em São Paulo (SP). O Brasil, apontado como um dos maiores possuidores dessas terras agricultáveis está, ano a ano, cedendo áreas da agricultura para outros fins.
A afirmação partiu do cientista agrícola e ex-chefe-geral da Embrapa Monitoramento por Satélite, Evaristo Miranda. Segundo ele, o País já perdeu 45 milhões de hectares nos últimos 20 anos devido ao aumento do número de terras indígenas, unidades de conservação e urbanização (obras de infraestrutura), e outros 240 milhões de hectares ainda podem ser reduzidos nos próximos anos. Destes, entre 25 a 30 milhões de hectares serão ocupados por Áreas de Preservação Permanentes (APP) que serão recompostas após a finalização do Cadastro Ambiental Rural (CAR).
De acordo com Miranda, ainda assim, o Brasil continuará tendo condições de aumentar a produção de alimentos, mas esses espaços ainda não são totalmente conhecidos e identificados. “Falar em aumento de área é totalmente justificável neste momento, porque a produtividade tem limite, a tecnologia tem limite e a economia também”, diz Miranda. “Chegará a um ponto que produzir mais alimentos vai depender fundamentalmente de expansão de área”.
Segundo ele, ainda há muitas terras agricultáveis em locais como no Maranhão e o Piauí. “Porém, esses locais não são chapadões, teremos que pensar também em como escoar a produção desses locais, que tem muitas serras”, destaca. “O que nos leva a concluir que qualquer expansão de áreas deve ser ajustada com a capacidade de infraestrutura do País”.
Fonte: Revista Globo Rural
Nenhum comentário:
Postar um comentário