sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Previsão do USDA não dá muita lenha para novas altas

Analista relata as oscilaçoes dos preços na Bolsa de Chicago
por Pedro H. Dejneka, de Chicago - especial para Globo Rural*
GettyImages
(A partir das 11h40 desta quinta-feira Chicago negociou mais de 1.000 contratos por minuto - GettyImages)

Os números por si foram “neutros” para a soja e baixistas para o milho. A reação do mercado é que foi interessante.Tivemos a forte presença de fundos na soja a partir das 11h40, hora de Chicago, 40 minutos após o relatório. Os preços oscilavam de forma bastante amena – 24 dos 26 minutos operados a partir das 11h40 tiveram volume acima de 1.000 contratos por minuto, com clara presença de fundos.

O “papo” por aqui para tal reação é que depois de ter tido a oportunidade de digerir o relatório, vários participantes estão “duvidando” da estimativa de soja – pois não concordam com as estimativas para Indiana, Iowa e Illinois. Eles acham que as estimativas foram muito conservadoras para estes estados, que sofreram o agosto mais seco em mais de um século. Desta forma, a conversa por aqui foi de que por este motivo espera-se até menor rendimento anunciado nas próximas semanas.

Eu não concordo necessariamente com esse argumento e penso que quem está falando isto não está levando em consideração alguns fatores: 1- A resistência que as novas sementes apresentam sob stress, comprovado pela produção bastante acima da esperada ano passado; 2- o fato de que mesmo com a seca, muita desta região entrou no plantio com níveis bastante satisfatórios de umidade de solo (ao contrário do ano passado) e 3 – as plantas estavam precisando de calor para ajudar no seu desenvolvimento, após um mês de julho com temperaturas bem abaixo das normais.

Outro fator que foi bastante claro hoje foi a atuação de participantes no spread soja/milho – que atingiu uma relação de 3x1 hoje – o que na minha opinião, está muito próximo de um “topo” técnico. Hoje à tarde um repórter me perguntou: “mas Pedro, então como sabemos se para manter esta relação soja/milho se a soja vai puxar o milho ou vice-versa”. Minha resposta foi – “se você fosse um especulador no mercado hoje, qual motivo você teria para comprar milho, principalmente depois dos dados de hoje?”. Ou seja, vejo a reação de hoje como técnica e temporária e acredito que possamos ter uma realização nas cotações de soja nas próximas semanas.

Motivos: 1- Os prêmios do mercado físico estão sob pressão com o início da colheita; 2 – É dificílimo manter uma tendência de alta durante a colheita norte-americana; 3 - O mercado pode até tentar elevar o contrato de novembro acima da alta histórica e forte resistência técnica de $1409,75, não conseguindo ultrapassar este ponto e se manter acima – é indicação claríssima para forte realização técnica; 4 - chuvas previstas para a semana que vem podem ainda ajudar certas áreas á amenizar perdas e até a aumentar produção de soja.

Agora a atenção do mercado se vira para o anúncio de atualização de área abandonada na terça-feira que vem, para o clima no final de safra aqui e início de safra aí e também nos dados que começarão a chegar das colheitadeiras nas próximas semanas. Não esquecendo que temos relatório de estoques trimestrais no final do mês e também um novo e importantíssimo relatório de outubro do USDA. A volatilidade deve continuar – pelo menos até meados de outubro... mas não acredito que o relatório de hoje deu lenha suficiente para o mercado buscar novas altas que sejam mantidas. Veremos.

* Pedro H Dejneka é diretor da PHDerivativos

Fonte: Revista Globo Rural

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