quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Biorrefinarias brasileiras são modelos no mundo, diz especialista

Para Paulo Seleghim, erros e tentativas desde o Proálcool tornaram as agroindústrias nacionais uma referência

por Viviane Taguchi, de Ribeirão Preto (SP)
Agência Petrobras
(Para especialistas, erros a acertos desde o Proálcool possibilitaramo desenvolvimento do Brasil na bioenergia - Foto: Agência Petrobras)

As biorrefinarias brasileiras de etanol já são um modelo de referência para o resto do planeta, inclusive aos países mais desenvolvidos industrialmente neste segmento. A afirmação é do especialista em bioenergias Paulo Seleghim, Professor da Universidade de São Carlos (Ufscar/USP), autor de um estudo que busca maior eficiência nas biorrefinarias. Seleghim participou, nesta terça-feira (29/10) do Seminário de Economia de Baixo Carbono (EBC), que acontece na Faculdade de Economia e Administração da USP, em Ribeirão Preto (SP).

O especialista credita esse sucesso aos inúmeros erros e acertos que a agroindústria da cana-de-açúcar vem passando desde meados de 1975, quando o Proálcool foi criado. Ele cita alguns projetos greenfields como exemplos de tecnologia e eficiência industrial. “Hoje, temos usinas com capacidade de receber 500 mil toneladas por dia. É ótimo, mas para garantir o futuro, temos que pensar agora em 1 milhão de toneladas por dia”.

Apesar do elevado grau de desenvolvimento, o mecanismo industrial das usinas ainda precisa buscar a maturidade tecnológica para não ‘travar’ nos próximos anos. “O principal obstáculo, de um modo geral, ainda está nos mecanismos de recebimento da matéria-prima que vem do campo. Até porque, hoje em dia, com a mecanização, temos um problema novo, que é o excesso de impurezas que estão chegando com a matéria-prima na indústria”, diz Seleghim. Essas impurezas são terra, pedras e partes de maquinário. “A adoção de tecnologias agrícolas pressiona a indústria a buscar a maturidade tecnológica”, afirma.

Para incrementar a eficiência industrial e, principalmente, reduzir os impactos ambientais na produção agroindustrial, Seleghim diz que as biorrefinarias terão que agregar valor aos sistemas produtivos. “É uma tecnologia sensível que permitirá a uma indústria produzir outros componentes bioquímicos de alto valor, e ainda promover a captura e a recaptura das emissões de CO²”, explica o especialista, citando principalmente o etanol de segunda geração e componentes bioquímicos. “Com a adoção desses sistemas mais tecnológicos, o CO² poderia ser até mesmo reinjetado no subsolo”.

O produto oriundo dessa inovação é gerado por um processo de oxi-combustão nas caldeiras, uma espécie de mecanismo que separa o oxigênio do gás carbônico, através da elevação de temperaturas e pressão, gerando o CO² super-crítico. “O resultado é uma emulsão, que até parece maionese, mas que pode ser reinjetado no subsolo. É uma forma de devolver o CO² às camadas profundas”, explica o especialista.

Fonte: Revista Globo Rural (Brasil).

Nenhum comentário:

Postar um comentário